Pele negra também sofre com os efeitos do sol; confira dicas de cuidados para o Verão

Texto por Giovanna Carneiro / Edição: Lenne Ferreira

Se você é uma pessoa negra, provavelmente já ouviu que sua pele é mais resistente aos efeitos do sol por causa da melanina. É verdade que a pele negra apresenta uma maior concentração de melanina e colágeno e isso resulta em uma resistência aos efeitos causados pelo envelhecimento e pela exposição solar, porém, isso não significa que as pessoas negras estão imunes ao câncer de pele. 

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o câncer de pele é o mais prevalente do mundo. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o Brasil apresenta  33% de todos os diagnósticos da doença, onde são registrados, por ano, cerca de 185 mil novos casos. De acordo com informações do DataSUS, entre junho de 2021 e junho de 2022, 1.221 brasileiros morreram em decorrência da doença. A maior parte eram brancos (702), seguidos por pardos (331), pretos (40) e amarelos (7). Os outros 141 óbitos não tem detalhamento de cor.

Ainda que seja menos comum, o câncer de pele também se manifesta e provoca a morte de negros. Uma pesquisa do Programa Nacional do Câncer nos Estados Unidos revelou que pessoas negras podem desenvolver com maior intensidade a forma mais grave do câncer de pele, conhecido como “melanoma acral” ou das extremidades. Esse tipo de câncer atinge braços e pernas e é o menos frequente entre os melanomas, porém, é o mais comum entre pessoas de pele negra. O estudo acompanhou mais de 1,4 mil pacientes com melanoma acral tratados em 17 centros de oncologia daquele país, no período entre os anos de 1986 e 2005, o resultado indicou que a proporção de melanoma acrolentiginoso, em relação aos demais subtipos de melanomas, foi maior entre os negros – 36% dos pesquisados apresentavam o problema.

Um dos exemplos mais citados para falar sobre os riscos do câncer de pele para a população negra é o cantor Bob Marley, que descobriu uma mancha pigmentada na pele, um melanoma maligno que resultou em sua morte prematura, aos 36 anos. 

Membros da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) apontam que os estigmas sobre as pessoas negras podem ser responsáveis pela falta de prevenção e aumento da incidência do câncer de pele nessa população. Além disso, a apropriação da indústria de beleza e cosméticos na fabricação e venda de produtos dermatológicos, como o filtro de proteção solar  – que muitas vezes possuem valores inacessíveis para a população que vive em situação de vulnerabilidade social, em sua maioria negra – dificulta o acesso a tratamentos adequados. 

Prevenção é o melhor caminho

Para fazer um diagnóstico precoce do melanoma acral e realizar um tratamento mais eficaz contra o câncer, a população negra deve estar atenta aos sinais da doença, como manchas escuras na palma das mãos, nas solas dos pés ou sob as unhas. Caso note algo diferente em sua pele, é importante procurar um dermatologista o quanto antes, pois o diagnóstico de câncer é feito a partir de exames clínicos e biópsia. 

O uso do filtro solar é essencial na proteção contra os melanomas e carcinomas, que são formas mais comuns do câncer de pele, apesar de não proteger contra o melanoma acral. Outras medidas de prevenção que podem e devem ser tomadas é a utilização de barreiras físicas contra os raios solares como chapéus, bonés e roupas compridas. Além disso, pessoas que se expõem ao sol com frequência devem redobrar a atenção com a própria pele e realizar acompanhamento dermatológico caso observe qualquer mancha no corpo.

No verão, os cuidados com a saúde da pele precisam ser redobrados devido a alta exposição aos raios UVA e UVB e o aumento da temperatura provocada pelos efeito estufa. Por isso, confira algumas dicas de cuidados essenciais para a pele negra no verão recomendadas por dermatologistas:  

Uso frequente e constante de protetor solar 

Fazer uso de protetor solar com o FPS mínimo de 30 (quanto maior o FPS maior será a proteção) e retocá-lo a cada duas horas. Dê preferência aos protetores com cobertura de cor e resistentes à água. 

Hidratar a pele 

Usar produtos hidratantes duas vezes por dia é aconselhável, pode ser antes de dormir e ao acordar. Beba água com frequência também, a prática ajuda na hidratação da pele. 

Abrigue-se na sombra regularmente

Evite a exposição ao sol, principalmente entre 10h e 16h. 

Utilize acessórios e roupas para proteção 

Use chapéus, bonés, sombrinhas, e roupas compridas, para evitar que sua pele esteja exposta. 

Procure um especialista

Se notar algo diferente na sua pele, como manchas, pintas, sinais, procure o mais rápido possível um dermatologista. 

Escrito por:

Afoitas Jornalismo

afoitas.contato@gmail.com

 @afoitas