Mostra Sétima Arte Feminina homenageia Adélia Sampaio, primeira cineasta negra do Brasil

Cineasta mineira e um dos principais nomes do audiovisual brasileiro, Adélia Sampaio carrega o título de primeira diretora preta a dirigir um longa-metragem no Brasil, com “Amor Maldito”, de 1984. Em reconhecimento à sua vida e obra, a Caixa Cultural Recife recebe a “Mostra Sétima Arte Feminina: o cinema de Adélia Sampaio”. . No último fim de semana da exposição, que encerra neste domingo (5), o público poderá conferir a programação completa no site da CAIXA Cultural.  

A Mostra Sétima Arte Feminina é um projeto elaborado pela área de cinema do Museu das Mulheres que consiste numa série de mostras individuais em homenagem às mulheres pioneiras e protagonistas do cinema brasileiro. A edição de em homenagem a Adélia Sampaio, que enfoca o pioneirismo feminino negro no cineasta brasileiro tem curadoria assinada por Sissa Aneleh, doutora e mestra em Artes, professora universitária, diretora artística e documentarista. Entre os filmes em cartaz se destacam os curtas “Adulto Não Brinca”, “Denúncia Vazia”, “O Mundo de Dentro” e “Scliar”, e o longa “Amor Maldito”, todos realizados por Adélia. 

“Eu sempre me senti negra. Sempre tive certeza da importância de ter esse orgulho e de procurar ser a melhor no que quer que estivesse envolvida (…) sou uma negra assumida, uma cineasta assumida, uma mãe assumida, uma avó assumida e vou por aí me assumindo em todos os sentidos. A mulher tem que se assumir”, pontua a cineasta, que esteve no Recife para o lançamento do projeto. Na última sexta-feira, dia 27 de outubro, a sessão especial do longa “Amor Maldito” foi seguida de bate-papo com Adélia Sampaio. A cineasta participou ainda de uma conversa com o público, no sábado, dia 28 de outubro, durante a oficina presencial de colagem ministrada por Ana Brito

Mineira radicada no Rio de Janeiro, Adélia Sampaio nasceu em 1944 e conheceu o cinema aos 13 anos de idade. Conduzida ao cinema pela irmã, a partir desse dia teve certeza que trabalharia na área. Ao longo da carreira, atuou nas áreas de produção, continuidade, câmera, direção de arte, roteiro e montagem, em uma trajetória que conta com mais de 70 produções com sua participação profissional. Conhecedora do cinema, tornou-se diretora de seus próprios filmes, afirmando-se no cinema ficcional contemporâneo, com passagens pelo cinema documental.

Adélia ganhou uma mostra de cinema com seu nome, a Mostra Competitiva de Cinema Negro Adélia Sampaio, realizada em Brasília (DF), pela pesquisadora e também cineasta Edileuza Penha de Souza. O evento realizou sua quinta edição no ano passado.

Amor Maldito

Amor Maldito (1984)

Baseado em fatos reais ocorridos em Jacarepaguá (RJ), o roteiro de José Loureiro trata com um tom policialesco do amor entre duas mulheres – a jovem executiva Fernanda Maia (Monique Lafond) e a ex-miss, filha de um pastor evangélico, Suely Oliveira (Wilma Dias) – e do suicídio de uma delas. A narrativa varia entre o julgamento de Fernanda, acusada pela morte de Suely, e as suas lembranças.

A Embrafilme, estatal brasileira produtora e distribuidora até 1990, classificou o tema como absurdo e não ofereceu financiamento nem mesmo quando Adélia recebeu o convite para exibir Amor maldito um festival no exterior. Assim, o filme foi todo rodado em um sistema de cooperativa entre os técnicos e atores, em que todos receberam apenas uma ajuda de custo.

Na época, as produções eram lançadas em São Paulo e Rio. Na capital paulista, porém, nenhum cinema aceitou o longa na programação. Ela foi então atrás do Magalhães, um exibidor que na época tinha oito salas de cinema em São Paulo. Amor maldito conseguiu sua estreia e chamou a atenção de Leon Cakoff, à época um crítico da Folha de S. Paulo e já criador da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo. (Com informações do portal Geledes)

Serviço

Mostra Sétima Arte Feminina: o cinema de Adélia Sampaio
Local: CAIXA Cultural Recife – Av. Alfredo Lisboa, nº 505, Bairro do Recife
Datas: de 24 de outubro a 5 de novembro de 2023
Horários: Consultar programação no site da CAIXA Cultural

Escrito por:

Afoitas Jornalismo

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