Falece, em São Paulo, a artista pernambucana Meujaela Gonzaga

Família e amigos/as/es fazem campanha de arrecadação de fundos para o translado aéreo do corpo da artista para sepultamento em seu estado de origem

Texto: Kalor Pacheco | Imagem: Arquivo pessoal

Faleceu em São Paulo nesta quarta-feira (2), a artista Meujaela Gonzaga, de causa ainda não divulgada. A família e amigos/as/es iniciaram uma campanha de arrecadação de fundos para o translado aéreo de seu corpo para sepultamento em seu estado de origem, Pernambuco. Doações podem ser feitas para o PIX colaborativo (81) 99185.4632, em nome de Emanuel Gonzaga da Silva.  Meujaela, que tinha 26 anos, há três dias publicou no seu perfil no Instagram que aguardava o resultado de uma ressonância magnética na cervical, realizado através do Sistema único de Saúde (SUS).

Há alguns dias, Meujaela, que foi criada na comunidade do Barro, Zona Oeste do Recife, reclamava de algumas dores na lombar na sua rede social: “Tenho sentido muita dor, tá sendo um momento bem difícil”. Falou um pouco sobre isso nos stories no Instagram e até postou um vídeo no Feed pedindo ajuda para realizar uma ressonância magnética cervical, exame que havia realizado no SUS, mas que não tinha recebido o resultado.

“Eu tenho passado uma série de problemas de saúde. Eu tô com suspeita de hérnia de disco, mas ainda não é confirmado. É preciso fazer alguns exames para ver se é isso. E tenho algumas outras doenças que estão sendo estudadas. Já fiz exame de sangue, Raio X. Eu ainda não tive acesso a ressonância porque pelo SUS ela demora dois meses. Todas as outras coisas (medicamentos e exames) eu consegui pelo SUS, mas a ressonância demora de dois a três meses na lista de espera para conseguir”, desabafou.

Infelizmente, não deu tempo de fazer o exame e tratamentos necessários e a artista veio a óbito na capital paulista. Família e amigos/as/es pedem colaborações para esse translado aéreo, orçado em R$ 5 mil. Sua passagem em São Paulo era por motivos profissionais, atuando com sua empresa Watori , como ela diz em vídeo recente: “Sou Meujaela, operadora de drone tentando acessar o mercado audiovisual de São Paulo e Rio de Janeiro. Estou compartilhando esse vídeo pra vocês saberem que tem uma travesti operadora de drone. Ladrony filma 4K, faz tudo ela, é um ótimo drone para cinema.”

Nas redes sociais a comoção reflete o carinho de conhecidos, amigos/as/es e familiares por Meujaela. Diversos comentários, notas e stories relembram o legado da artista. “Meu deus do céu. Era uma pessoa massa… Vinha acompanhando os problemas de saúde dela de uma possível hérnia. Que deus e os encantos acolham o espírito dela com muito carinho”, postou a artista Joyce Arai no grupo Trovoa PE/ Entremoveres.

Em um de seus vídeos, comentários de despedidas inundam a timeline de saudade e também de apelos para a solidariedade neste momento difícil para família e amigos/as/es. “Vamos todes contribuir pra que ela possa chegar até sua família em Recife e ter sua partida de forma digna, como era merecedora”, comentou Yasmin Ferraz.

Performer, operadora de drone, estudante de Programação, Meujaela assina o figurino e próteses da performance “Por onde andam os porcos”, que tem direção geral de Iara Izidoro. A obra questiona a lógica da super produtividade da sociedade capitalista.  A artista deixa um importante legado que intersecciona suas vivências pessoais e demonstra a busca incessante pela construção de uma narrativa que provocasse reflexões profundas sobre a descolonização dos corpos a partir de experiências visuais.

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Afoitas Jornalismo

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