Centro Cultural Afoxé Oyá Alaxé reverencia vida e obra de mulheres pretas

Para marcar o Julho das Pretas, programação especial exalta a vida e obra de mulheres negras na Arte, Educação e Política

Texto: Lenne Ferreira | Imagem: Anderson Stevens

Educação, Política, e Cultura são os eixos que norteiam a programação do Julho das Pretas do Centro Educacional Cultural Afoxé Oyá Alaxé – Descendente Terreiro de Mãe Amara. Localizado no Pátio de São Pedro, região Central do Recife, o espaço tem promovido a ocupação de um território que sofre com falta de ações de fomento e valorização. Entre as atividades programadas para a semana que antecede do Dia da Mulher Negra Latina e Caribenha, estão a “Quinta Nagô: Idilê Mimó Oyá Alaxé”, que acontece nesta quinta (20), e “Kàásán: Protagonismo das Obinrins Negras nas Artes”, marcado para o sábado (22), ambos abertos ao público.

Idealizadora da Quinta Nagô, a Yalorixá, cantora e ativista Mãe Maria Helena, acredita que o evento tem o papel fundamental de valorizar as diversas expressões artísticas da cultura popular, matrizes africanas e afro-indígenas. “A Quinta Nagô é um evento luta e resistência do povo preto e está presente dentro dos movimentos culturais. É importante ressaltar a importância da mulher negra no fomento à cultura e na luta contra o racismo e a desigualdade de gênero”, pontua Mãe Maria Helena.

Na edição de julho, a Quinta Nagô exalta a mãe das águas doces, Oxum e tem o protagonismo de mulheres negras e de axé. Entre as atrações confirmadas estão Cordão de Bruta Flor, Maracatu Encanto do Pina, Coco Flor de Catemba, Edú Ará Sangô, DJ Boneka e Afoxé Oxum Ajagurá. Mãe Maria Helena reforça a importância do trabalho das mulheres negras históricas para a construção da identidade cultural do Estado. “Em Pernambuco, temos personagens como Dona Santa, do histórico maracatu Nação Elefante, Badia, uma das madrinhas do Carnaval, Sandra Guerra, do Afoxé Oxum Pandá, entre outras mulheres que fizeram e deixaram seu importante legado para as atuais gerações”, pontua.

Para reconhecer a importância da atuação das mais jovens nas artes, o Balé Nagô Ajô, grupo e coletivo político-artístico de dança afro formado por meninas e mulheres, em sua maioria negra organizou o “Kàásán: Protagonismo das Obinrins Negras nas Artes”. O coletivo é liderado pela Yalaxé e coreógrafa Helaynne Sampaio Olefun, que ministra aula de Dança Nagô a partir do método Ajô Nagô, no Centro Educacional Cultural Afoxé Oyá Alaxé. A atividade está marcada para o próximo sábado (22) e vai realizar um “Xirê de Diálogos Mulheres Negras nas Artes”, que tem o objetivo de promover reflexões sobre os desafios e as estratégias para enfrentar o racismo e o sexismo no campo da arte. Na ocasião, haverá uma sessão de homenagens e performances com artistas negras pernambucanas.

Localizado no bairro de São José, o Pátio de São Pedro, que tem seu conjunto de casario tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), tem a sua história atravessada pelo protagonismo negro. Com imóveis erguidos pela força do trabalho de homens e mulheres escravizados/as, o local conserva parte importante da história do movimento negro pernambucano. Seja por meio do ativismo político ou pela força das manifestações culturais, a área tem uma trajetória marcada pela diversidade.

SERVIÇO
Centro Educacional Cultural Afoxé Oyá Alaxé – Descendente Terreiro de Mãe Amara – Pátio de São Pedro

Quinta-feira (20), 18h 
Quinta Nagô
Programação: Cordão de Bruta Flor, Maracatu Encanto do Pina, Coco Flor de Catemba, Edú Ará Sangô, DJ Boneka e Afoxé Oxum Ajagurá

Sábado (22), 14h 
Kàásán: Protagonismo das Obinrins Negras nas Artes
Programação:
Xirè Dança: Artia e Janaina Santos
Xirè Literatura: Inaldete Pinheiro, Dayse Moura e Flora
Xirè Música: Gabriela Sampaio, Ana Benedita e Bione
Xirè Teatro: Agrinez
Xirè Artes Visuais: Nathê
Xirè Cinema: Uenni

Escrito por:

Lenne Ferreira

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 @lenneferreira