Série pernambucana é protagonizada por pessoas trans

Projeto piloto faz parte da série “Mulher original”, é assinado pelo diretor negro Carlota Pereira e será exibido no Festival Transborda de Cultura Sem Gênero

carlota

Ao todo, 14 pessoas trans fazem parte do elenco de “Uma mulher original”, série que aborda questões de gênero

Nina é uma costureira trans, que mora no centro de uma cidade do país que mais mata pessoas trans. É dela a responsa de costurar para o concurso Miss Mundo Trans, onde Jéssica, outra mulher trans, universitária, é uma das concorrentes. Jéssica mora numa área mais periférica com Glenda, que é dona de um salão de beleza, e melhor amiga de Nina, que também divide a casa com uma amiga, a Crhis, outra mulher trans socialmente à margem. Todas as personagens transitam na série “Mulher original”, do cineasta e produtor Carlota Pereira, e são interpretados por mulheres trans da vida real. Ao todo, 4 pessoas trans estão no elenco. Um feito inédito no Estado, que ainda precisa de recursos para ser finalizado e que será nesta quinta-feira (19), pela primeira vez, na segunda edição do Festival Transborda de Cultura Sem Gênero, que valoriza e intersecciona diversidade de gênero, protagonismo feminino, transcidadania e arte.
carlota tta
A série, que mistura linguagem ficcional e documental, contou com recursos do Funcultura 2014/2015, que financiou o desenvolvimento dos roteiros, pesquisa e gravação do piloto. Mas o processo começou bem antes, em 2012. Esse tempo todo de produção revela as dificuldades enfrentada pelo idealizador do projeto. “Foi difícil encontrar profissionais para ocuparem lugares de direção e produção. O mercado é muito segregador e não absolve mulheres , negros. Para pessoas trans e travestiis o tratamento é o espaço mesmo, mas a seletividade pesa muito mais sobre elas”, pontua Carlota, artista negro jaboatanense que assina direção geral e roteiro.
O primeiro episódio concluído recebeu o título “Por ser quem sou” e é piloto de uma série que deve contar com mais 12 capítulos. Tudo vai depender da captação de recursos. “O projeto foi pensado para ter cinco capítulos, mas escrevemos 13 argumentos, ou seja temos material suficiente para duas temporadas”, revela Carlota, que contou com a colaboração de nomes como a transfeminista Caia Coelho na pesquisa e abordagem de temas. Neco Tabosa e João Lucas também colaboraram com os roteiros.
transborda cartaz
Além do filme de Carlota, a programação do Festival Transborda conta com curtas assinados pelo Surto & Deslumbramento (Eternamente Elza), Duda Menezes e Fefa Lins (Quanto craude no meu sovaco), Yane Mendes (Mandala), Willian Oliveira e Marcelo Oliveira (Boa Vista), Lia Letícia (Terra não dita, Mar não visto) e Dandara de Moraes (Bup). A exibição acontece na Galeria de Artes Digitais do Porto Mídia.
Lenne Ferreira (Afoita)

Escrito por:

Afoitas Jornalismo

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