Mostra Teatral Rosa dos Ventres visibiliza trabalho de mulheres “Autônomas e Diversas”

No mês dedicado a atividades, debates e articulações voltados para a condição de vida das mulheres, a Mostra Teatral Rosa dos Ventres – Autônomas e Diversas apresenta a sua terceira edição. Com o objetivo de oferecer palco para o protagonismo feminino e suas mais diversas identidades, ao longo do mês de Março, a mostra realizará apresentações artísticas, debates e oficinas gratuitas  que acontecem até o dia 3 de abril. 

A programação acontecerá no Recife, Olinda e em outras cidades da Região Metropolitana do Recife, seguindo ainda pelo Agreste e Sertão pernambucano e, de forma digital, incluindo a participação de artistas e ativistas de outros estados brasileiros e outros países. A Mostra surgiu em 2017 com base nas peças teatrais montadas a partir das “Oficinas de Teatro para Mulheres – com vivências terapêuticas”, ministradas por Hilda Torres, atriz, diretora teatral, psicóloga clínica, analista bioenergética, idealizadora e responsável pela curadoria do evento. 

“Acreditamos ser fundamental garantir cada vez mais espaços de protagonismo, equidade e independência da mulher em nossa sociedade. Enfrentar e avançar contra as estruturas opressoras, construídas através dos séculos, é um grande desafio, mas precisa ser uma ação contínua e coletiva, sempre com o compromisso da reparação histórica, compreendendo os processos em tempo e espaço, mas com posicionamentos firmes”, ressalta Hilda Torres, idealizadora da Mostra.

Nesta edição, a mostra teatral terá cinco homenageadas, são elas: Agrinez Melo, mãe, candomblecista, professora, atriz e pesquisadora; Beta Galdino, camareira e contrarregra que integra a equipe do Centro Cultural Apolo-Hermilo; Kátia Virgínia, técnica em maquinária no Centro Cultural Apolo-Hermilo; Sharlene Esse, atriz, cantora e multi performer e Triana, iluminadora que iniciou seus trabalhos na área teatral na década de 70.

No Giro&Giras desta semana selecionamos seis espetáculos teatrais cujas narrativas revelem as experiências de mulheres negras e indígenas. A programação completa da mostra está disponível na página do Instagram do evento

Confira as nossas indicações: 

 “Ser Rizoma” 

Um solo de teatro-dança que aborda estados e corpos femininos em movimentos de desterritorialização e re-territorialização de si a partir de estudos arquetípicos e ancestrais femininos, abordando a relação simbólica entre a mulher e a terra como um grande útero. É um ciclo que nasce, morre e renasce em três tempos. A cada ciclo desse ventre percorre-se fissuras, perdas, órgãos, escuta e novas rotas de cordões que nos ligam as diversas mulheres e suas árvores ancestrais.

O trabalho também se deixa atravessar pelas leituras cosmológicas do universo indígena, das benzedeiras, das parteiras e sabedorias femininas.

Quando: 03 de março, às 19h

Onde: Teatro Hermilo Borba Filho 

Ingressos: R$40 Inteira | R$20 Meia (disponíveis no sympla ou 1h antes da apresentação na bilheteria)

“Ombela” 

Ombela representa arquétipos do universo feminino, é a síntese poética onde a chuva reorienta a transfiguração dos sentidos da vida transformado na beleza da mulher e nos interroga: Quem somos nós e para onde vamos?

A peça além de ser interpretada em português tem partes faladas e cantadas na língua africana de Angola, UMBUNDO. Que é uma língua banta falada pelos Ovimbundos das montanhas centrais de Angola. O espetáculo é um musical ao vivo com direção musical da cantora Isaar. A peça ganhou o prêmio especial sobre a pesquisa de matriz africana em 2015.

Quando: 10 de março, às 19h

Onde: O Poste Soluções Luminosas (Rua do Riachuelo, Boa Vista)

Ingressos: R$40 Inteira | R$20 Meia (disponíveis no sympla ou 1h antes da apresentação na bilheteria)

Espetáculo Ombela integra a 3ª Mostra Rosa dos Ventres. Crédito: Fernando Azevedo

“Rainhas” 

Com doçura e fel o espetáculo perpassa por monólogos de quatro orixás: Iemanjá, Oxum, Obá e Iansã, trazendo ao público uma representação de vivências reais. Observa-se em sua costura elementos ancestrais e da cultura negra, como a capoeira e a dança dos orixás, à exemplo, entranhadas nos corpos das atrizes que revelam também processos de suas caminhadas pessoais. Elas dão voz aos relatos de opressões que se cruzam em vários pontos das suas vidas, principalmente em pautas raciais e de gênero, mas também trazem a leveza e o dengo do povo preto, que não é só resistência, é existência. Resgatando memórias pessoais através da tessitura das dramaturgias, o público vai conhecer um pouco da cultura do povo preto e refletir sobre os muitos anos de invisibilidade e descaso político com essa parcela da população, principalmente mulheres.

Quando: 17 de março, às 19h
Onde: Teatro Apolo
Ingressos: R$40 Inteira | R$20 Meia (disponíveis no Sympla ou 1h antes da apresentação na bilheteria)

“Trans(Passar)”

O espetáculo surge da necessidade, em falar sobre a vivência e a mulheridade das mulheres trans e travestis a partir de relatos, reportagens, escuta e vivência pessoal das multiartistas Aurora Jamelo e Sophia William que levam o trabalho para a cena.

Aborda as dificuldades sociais sofridas pela população trans, entendendo que o Brasil é o país em que mais se mata pessoas trans no mundo, trazendo através de sua poeticidade alguns questionamentos como: Quantas Dandaras foram mortas e tiveram seus sonhos roubados? E levanta questões sobre visibilidade e representatividade trans. Um grito de socorro, um alerta urgente sobre questões sociais da vivência dos corpos trans, a necessidade de se falar sobre o tema em busca de respeito, empatia e sobrevivência.

Quando: 25 de março, às 20h
Onde: Teatro Apolo
Ingressos: R$40 Inteira | R$20 Meia (disponíveis no Sympla ou 1h antes da apresentação na bilheteria)

“Arreia” 

Arreia é um duo estrelado pelas artistas Iara Campos e Íris Campos, que tem a direção do mestre Paulinho 7 Flexas. O enredo constrói a relação entre as tradições indígenas sobre o universo dos sonhos, a criação do Caboclinho 7 Flexas do Recife e a relação afetiva das artistas com a Agremiação.

Além disso, Arreia se ancora na ancestralidade indígena que Íris, Iara e Paulinho 7 Flexas têm em seu tronco, construindo uma narrativa que honra seus antepassados, traz à tona a resistência dos povos originários em diferentes contextos e aponta reflexões para novos conceitos de preservação e manutenção de suas culturas.

Quando: 03 de abril, às 19h
Onde: Território Xukuru
Ingressos: Gratuitos (disponíveis no Sympla)

“Sopro D’Água” 

Qual é o lugar da água numa sociedade à beira do colapso ambiental? Entre rios, mares, gotas, enchentes, lamentos e seca, a obra transpira a dimensão aquática e ambiental humana, percorrendo desde memórias ancestrais à urgência da questão hídrica.

Quando: 22 de março, às 18h
Onde: Teatro Apolo
Ingressos: R$40 Inteira | R$20 Meia (disponíveis no Sympla ou 1h antes da apresentação na bilheteria)

Escrito por:

Afoitas Jornalismo

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