Fabiana Moraes lança “A pauta é uma arma de combate” no Cais do Sertão

Foto: Marlon Diego
“A pauta é uma arma de combate” é o nome do novo livro da premiada jornalista pernambucana Fabiana Moraes que alia sensibilidade, análise e engajamento, articula críticas, propostas e reflexões sobre as relações discursivas do jornalismo com grupos sociais historicamente oprimidos. A obra é lançada pela Arquipélago Editoria em evento realizado no Cais do Sertão nesta terça-feira (11), às 18h30, que será marcado por um bate-papo que conta com as participações da autora, Eduarda Nunes, da Agência Retruco e Angola Comunicação, e Laurindo Ferreira, diretor de redação do Jornal do Commercio. A mediação é de Beto Azoubel, da coordenadoria de literatura da Secult.
No livro, Fabiana dá lugar central à pauta, coluna vertebral da notícia, que reflete e produz olhares sobre as coisas do mundo, e que é atravessada por hierarquias de gênero, raça, classe social e origem geográfica. Reconhecendo o campo jornalístico como parte de narrativas que transformam diferenças em desigualdades, ela investiga caminhos de ruptura com os modos colonizados pelos quais o jornalismo atua desde o século 19. Com a experiência de anos como repórter especial do Jornal do Commercio, Fabiana, que também é professora no curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco, defende o jornalismo de subjetividade, propondo uma prática reflexiva que possibilite melhores encontros com as alteridades e que jogue luz sobre violências naturalizadas como o racismo, a misoginia e as muitas formas de outrofobia.
“Minha busca, reunindo fazer e pensar, é por um jornalismo que supere a desumanização contínua. Um jornalismo que supere o medo (ou a conivência) de nomear o que é extrema-direita”, Fabiana Moraes.
Em um esforço para aproximar teoria e prática, o livro apresenta três reportagens de Fabiana publicadas no Jornal do Commercio do Recife: A vida é Nelson (2012); Ave Maria (2013); e Casa grande & senzala (2013). A autora se propõe a analisar os trabalhos uma década após sua publicação original, fazendo uma autocrítica e narrando com proximidade afetiva os bastidores dessas reportagens. Para Fabiana, o jornalismo é uma arma poderosa para “contrapor a práticas midiáticas que privilegiam imagens de sofrimento e negam autonomias, que têm no classismo e no racismo suas bases epistemológicas”.
“Este livro foi escrito para refletir não somente sobre jornalismo, mas o que chamamos de democracia. Sem uma reflexão sobre como a prática noticiosa nos molda enquanto sociedade, sem encarar de frente como sites, jornais, televisões e redes contribuíram para o estado das coisas, não é possível que essa mesma imprensa se coloque como fiadora de uma liberdade que ela mesma precarizou para a maioria da população brasileira”, escreveu a autora em sua rede social.
Sobre a autora:
Fabiana Moraes é recifense, nascida no Alto José Bonifácio, mãe de Mateus e professora do curso de Comunicação Social da Universidade Federal de Pernambuco. É jornalista com mestrado em Comunicação e doutorado em Sociologia, ambos pela UFPE. Pesquisa mídia, imprensa, poder, raça, hierarquização social, imagem e arte. É vencedora de três prêmios Esso com as reportagens A vida mambembe (2007), Os sertões (2009) e O nascimento de Joicy (2011). Recebeu ainda o Prêmio Petrobras de Jornalismo, o Prêmio Imprensa Embratel e o Prêmio Cristina Tavares de Jornalismo. Lançou cinco livros: Os sertões (2010), Nabuco em pretos e brancos (2012), No país do racismo
institucional (2013), O nascimento de Joicy (2015) e Jomard Muniz de Britto: professor em transe (2017).
SERVIÇO
Lançamento “A pauta é uma arma de combate”, de Fabiana Moraes
Terça-feira (11), às 18h30
Centro Cultural Cais do Sertão (Av. Alfredo Lisboa, s/n, Armazém 10)