Como ser responsável pela morte de uma criança negra e continuar livre?

 

Texto: Lenne Ferreira | Imagens: Reprodução da internet

Como ser responsável pela morte de uma criança negra e continuar livre? Seja branca. Conte com uma família influente. Tenha 20 mil para pagar de fiança. Desligitime a mçae da vítima por meio de depoimentos de funcionários e acusações levianas. Tenha uma defesa que culpabilize a criança pela própria morte e atrase todo processo judicial. Alegue que “não tinha a intenção” em rede nacional no horário nobre. Recorra da sentença e continue em liberdade curtindo uma vista privilegiada.

A fórmula, que de cômica não tem nada, até poderia ser argumento de um episódio da série “Wes de How to get away” (Como defender um assassino), mas é só o modo da justiça brasileira funcionar. Há três anos, o menino Miguel, então com 5 anos, pediu pela mãe e foi abandonado no elevador de um prédio de luxo por Sari Corte Real.

Há três anos, Mirtes Renata, mãe da criança, exige a responsabilização da criminosa (já sentenciada) pela morte do seu filho. Há três anos, a defesa de Sari tenta diversas manobras para atrasar o processo e culpabilizar a criança pela sua própria morte. O Caso Miguel é um exemplo concreto do tipo de Justiça que funciona no Brasil: branda com a elite e carrasca com os mais pobres.

Enquanto Sari aguarda em liberdade no conforto do seu lar, mesmo após sentenciada, Mirtes lidera uma campanha que compromete suas saúdes mental e física. Inacreditavelmente, mesmo com todas as evidências e a sentença deferida, Sari segue intocável. Sabemos qual seria o desfecho do caso se a vítima fosse um dos filhos da patroa (que contem sempre com proteção) e a criminosa fosse a empregada doméstica negra.

Sabemos, você, eu, Mirtes e qualquer brasileiro/a/e, como as coisas terminam quando uma mulher negra comete um ato infracional. Existem cerca de 13 mil delas em presídios femininos. Grande parte desse contingente cometeu crimes insignificantes e vivem longe de seus filhos,, que não podem desfrutar do convívio familiar. A diferença entre essas mulheres espalhadas por presídios femininos e a assassina de Miguel é visível aos olhos.

A liberdade de Sari Corte Real desrespeita a lei, violenta ainda mais Mirtes e a memória do seu filho. Por isso, HÁ 3 ANOS, exigimos Justiça por Miguel, por Mirtes, Marta, Paulo, pela comunidade do Barro e por toda a sociedade brasileira. JUSTIÇA!

 

Escrito por:

Lenne Ferreira

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