Bom dia e Boa noite para Lula

Integrante do Fórum Mulheres de Pernambuco e estudante de Comunicação, Nichole de Andrade  esteve em Curitiba e escreveu um relato sobre os cinco dias que passou no acampamento que vigia o ex-presidente Lula, preso há mais de um mês 

De início, posso afirmar que participar de uma luta tão histórica para o Brasil foi uma experiência única e difícil, mas a coletividade dos companheiros e companheiras reafirma o compromisso da esquerda na busca da democracia e de pautas progressistas pensada do povo para o povo.

Entrei num avião sem saber o que me esperava do outro lado do país. Me arrepiava a cada ideia na cabeça que vinha ao saber das últimas notícias sobre o acampamento. Quando cheguei lá, a caravana de Pernambuco foi muito bem recebida e seguimos em marcha por 8 quilômetro até o ato do Dia do Trabalho, uma ação histórica que reuniu grandes líderes em defesa dos direitos da população brasileira.

A organização do povo no acampamento e na vigília só desmistificam a imagem que a Direita quer impor sobre nós. Muito longe de um ambiente de desordem e de caos, no acampamento cada regra de organização é seguida linha por linha por cada militantes o que colabora para uma convivência harmônica e colaborativa. Empatia foi a palavra da vez. Ardia no peito de cada um quando algo acontecia e logo o senso de coletividade invadia nossos corpos e a assistência estava pronta para atender as necessidades de cada pessoa.

Todos os dias, pontualmente às sete horas, o café da manhã é servido no acampamento, instalado em um terreno do bairro de Santa Cândida. Logo após, seguimos em marcha por um 1,5 km para a vigília, que leva um “Bom dia” especial para o Presidente Lula. A partir daí, as atividades seguem até às 19h com eventos culturais, mostras de filmes, rodas de conversas e performances artísticas diversas. Sempre aparecem visitas de nomes ilustres como Leonardo Boff e Chico César. No final do dia, um coro de “Boa noite” se despede de Lula e se inicia o retorno ao acampamento.

A segurança segue ativa e atenta para proteger cada militante. O cuidado redobrou depois que o companheiro e segurança, Jefferson Lima, foi atingido com um tiro no pescoço. O disparo foi feito por um ataque fascista de um policial (a arma era de uso exclusivo da polícia). Após dias desse ataque, sofremos outro e o delegado da Polícia Federal, Gastão Schefer, invade a vigília, quebra o equipamento de som e agride os militantes. Durante as madrugadas, gritos vindo de carros que passam na frente do acampamento disparam palavras de violência sem tamanho, ameaçando os militantes de morte e falando sobre Bolsonaro (eca).

Todo dia, algum fascista tenta desequilibrar os companheiros de luta. Todos sabem das intenções deles, que é desequilibrar os militantes, mas ninguém se deixa atingir e reage com indiferença, mas sem vacilar com a segurança de todos e todas. A maior preocupação atual é que a integridade física do Presidente Lula seja preservada, já que o ódio por ali é recorrente.

Seguiremos em luta até a democracia ser restaurada.
ONDE QUEREM MEDO, NÓS SOMOS PAIXÃO.

Nichole de Andrade – Fórum de Mulheres de Pernambuco e Afoita

Escrito por:

Afoitas Jornalismo

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