Ativistas pernambucanas Pela Vida das Mulheres

Pela vida das mulheres é o nome do Festival que mobilizou mulheres de todo país por meio da articulação da Frente Nacional Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto. Pernambuco também aderiu ao movimento com ações que integram uma agenda promovida por ativistas de diversas cidades brasileiras e que teve início no último dia 27 de maio. O Festival, que está na segunda edição, envolveu uma série de atividades  com o objetivo principal de discutir políticas públicas direcionadas às mulheres enfatizando a urgência da legalização do aborto e a garantia de direitos. Hoje,  a partir das 18h,  na Praça da Várzea, Zona Oeste do Recife, acontece uma culminância aberta ao público.

O Festival teve como mote principal o Dia Nacional de Luta pela Redução da Mortalidade Materna (28 de maio) para discutir a morte materna como violação dos Direitos Humanos. Durante uma semana, o movimento promoveu momentos de reflexão com a sociedade. A programação contou com cineclube com exibição de curtas e longa metragem, além do lançamento de publicações; rodas de diálogo em escolas do Recife e Olinda, além de Serra Talhada (Sindicato dos Bancários e no CIS – Centro Integrado de Saúde); Seminário na Assembleia Legislativa de Pernambuco, oficina sobre Justiça Reprodutiva, apresentação da peça “Medusa” (no Espaço Jambo Azul);

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O objetivo principal do encontro foi “refletir sobre a necessidade de políticas de atenção integral à saúde sexual e reprodutiva das mulheres e demais pessoas com útero, e sobre a maternidade como uma escolha livre, considerando a prática do aborto como um crime que não traz benefícios à sociedade visto que não reduz o número de abortos e, pela força do racismo e da desigualdade de classe, que penaliza especialmente os corpos de negras, jovens e da classe trabalhadora e empobrecida”. O eixo da mobilização nacional se pauta pelo conceito de justiça reprodutiva, que compreende as perspectivas das diferentes mulheres e suas diferentes formas de acesso às políticas públicas. “Como ter direitos reprodutivos num contexto tão adverso para as mulheres negras?”, questiona Paula Viana, integrante do Grupo Curumim e uma das articuladoras do Festival.

“A gente sabe qual o perfil crônico das mulheres que correm mais risco de morrer por morte relacionada ao aborto: é de uma mulher negra, empobrecida, com pouca escolaridade e grau de instrução. Uma realidade nos países da américa latina que estão em desenvolvimento e que sofrem de políticas neoliberais”, pontua Paula, que avalia a participação de Pernambuco como uma das mais ativas e propositivas.

Dentro do contexto da atual política brasileiro, a articulação também provoca o legislativo brasileiro cada vez mais conservador. Atualmente, o movimento feminista tenta barrar processos em tramitação e que terão grande impacto na vida das mulheres a exemplo da PEC 29, que quer proibir qualquer tipo de interrupção da gravidez mesmo em casos de risco de morte para a mulher ou estupro. “Vivemos um contexto muito adverso para as mulheres, especialmente negras, e que envolve forças conservadores que agem a partir de dogmas religiosos e que querem ingerir sobre a vida e os corpos das mulheres”, comenta Paula.

Durante os dias de atividade, o Festival também se propôs a aprofundar o debate sobre o fascismo e neoliberalismo e o impacto que o avanço dessas frentes têm gerado na vida das mulheres, principalmente mulheres negras. Nesse contexto, a articulação discutiu a conjuntura política nacional e os desafios que precisam ser enfrentados pelas mulheres, principais afetadas por reformas como a da previdência. Depois de uma semana de atividades, a culminância do Festival chega na Praça da Várzea com uma programação feminina e feminista pela vida delas.

PROGRAMAÇÃO
(a partir das 18h)

Mayara Clara
Cordão de Bruta Flor
Batucada Feminista do Fórum de Mulheress
Alice Sampaio
Femigang
Rayssa Dias
Artemísia
Isadora Lubambo
Triinca
Flor do Mulungu

Programação infantil
18h – Espetáculo “Um curto circuito de risos”
19h – Pintura de camisetas e desenho com montagem de varal com as artes (cada criança levar uma camiseta)

 

Escrito por:

Afoitas Jornalismo

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